domingo, 16 de outubro de 2011

Retorno ao Mar: A Saga de um Rouxinol


Camaradas! Sobreviventes do marasmo virtual, perpetuado por inúmeros blogs que percorrem a Grande Rede! Reúnam-se, pois aqui a falta de sentido para tudo isso têm fim! Se você chegou até aqui, parabéns, somos irmãos, pois o caminho que tomamos é o mesmo: Rumo à coisas que realmente importam! Num sábado à noite, O Rouxinol retorna, pronto pra botar ordem em seu Ninho Virtual, e recepcioná-los com o melhor possível a se oferecer!

domingo, 2 de janeiro de 2011

Bicando em Música: Nightwish – Devil & The Deep Dark Ocean




Seguiremos hoje para a terceira faixa do CD Oceanborn, da banda de Metal Sinfônico Nightwish. Essa peça, que possui o nome em inglês "Devil and The Deep Dark Ocean" (O Diabo e o Oceano Profundo), traz uma vasta quantidade de metáforas e alusões diversas, o que abre grandes interpretações à essa obra. É difícil estabelecer uma visão definida do que a música quer dizer... mas isso é apenas mais um motivo para o Passarinho que vos Canta, o Rouxinol, se deliciar dissecando e analisando verso por verso, especialmente para vocês. O foco da música, como já induzido no título, é o antigo medo da humanidade pelo desconhecido, que reside nas profundezas dos Oceanos; A história é contada pela representação de dois papéis antônimos: A Dama de Branco (a vocalista Tarja Turunen), e o Diabo em Pessoa (o vocal convidado Tapio Wilska).

Nightwish - Devil and The Deep Dark Ocean

Tradução e Interpretação por: O Rouxinol.



Tapio Wilska:

A snowy owl above the haunted waters (Uma coruja enevoada sobre águas assombradas)
Poet of ancient gods (Poetisa dos Deuses Antigos)
Cries to tell the neverending story (Pia a contar a História sem Fim)
Prophecy of becoming floods (Profecias de futuros dilúvios)

Surge uma personagem para narrar a saga: A Coruja, símbolo da sabedoria, branca e pura como a neve. Ela vêm para nos contar a história interminável, da luta entre o Bem e o Mal, a Luz e as Trevas. A história que vai ser contada, fala de futuros dilúvios – o método de purgação dos pecados humanos preferido da antiguidade - , que dessa vez não ocorrerá por chuvas (vindas do céu, vindas de Deus), mas por inundações, vindas das Profundezas do Mar... onde reside o Reino do Diabo.

Tarja Turunen:
An aura of mystery surrounds her (Uma aura de mistério a envolve)
The lady in brightest white (A Dama vestida do mais brilhante branco)
Soon the incarnate shall be born (Logo o Encarnado deverá nascer)
The Creator of the Night (O Criador da Noite
)
Os personagens da história são apresentados: A Dama do mais brilhante branco, que passa a ser a personagem da Coruja (um antropomorfismo da mesma, ainda representando pureza e sabedoria); e O Criador da Noite – o Diabo, que logo renascerá.

Tapio Wilska:
Deep dark is His Majesty's kingdom (Nas profundezas está o Reino de Sua Majestade)
A portent of tomorrow's world (O Prodígio do mundo de amanhã)
There shall the liquid give Him power (Lá, que o líquido Lhe dê o poder)
The red-eyed unborn lord (O não-nascido Senhor dos olhos vermelhos
)
Aqui Tapio já se encaixa em sua persona na canção, e conta sobre Seu Reino. O líquido que lhe dará poder é o próprio mar, e não sangue, visto que é o mar que assusta os homens.

Tarja:
Fatal embrace of the bloodred waters (Abrangimento fatal das águas ensanguentadas)
The cradle of infinite gloom (O berço da escuridão infinita)
The spell to master this Earth (O feitiço para conquistar essa Terra)
Carven on an infant's tomb (Talhado em uma tumba de uma criança
)
"O berço da escuridão infinita, Talhado em uma tumba de uma criança". Faz-se um jogo de sentidos das palavras Berço e Tumba, que contextualmente estão trocadas, mas que jogadas assim na estrofe, evidenciam outra vez o comportamento cíclico da história, já mencionado(a tumba tem haver com o fim da vida, berço com o início; na troca, emonstra-se a ressurreição desse mal, que está adormecido,"morto", na escuridão infinita, e que logo renaserá, em uma criança – o também já mencionado "não-nascido senhor de olhos vermelhos").

Tapio:
I will die for the love of the mermaid (Eu morrerei pelo amor da sereia)
Her seduction beauty and scorn (Por sua sedução, beleza e arrogância)
Welcome to the end of your life (Bem-vinda ao fim da sua vida)
- Hail the Oceanborn! (- Saúdem os Oceânicos!)

O Diabo se diz apaixonado pela Dama de Branco, que por estar cantando à beira-mar, lembra uma sereia; e se diz determinado a torna-lá sua, anunciando para ela que o fim de sua vida chegara, já que ela agora pertence a Ele. Os Oceânicos citados nesse trecho são literalmente na história, os adoradores daquele Mal, porém pode ser uma referência a um tema recorrente nas canções do Nightwish (e no nome do próprio CD – Oceanborn): Os Oceânicos são os humanos, que "nasceram no mar" do ponto de vista da Evolução, e portanto carregam parte desse pecado, da maldade, oculta nas profundezas dos oceanos.

Tarja:
Disgraced is my virginity (Desgraçada é minha virgindade)
Death has woven my wedding dress (A Morte tecera meu vestido de casamento)
Oh Great Blue breathe the morning dew (Oh Grande Azul, respire o orvalho da manhã)
For you are the cradle of the image of god (Pois tu és o berço da Imagem de Deus
)
A Mulher aqui desgraça sua inocência, que justamente foi o que atraiu o Diabo, e anseia fazendo uma prece ao "Grande Azul" – o Mar, para que ele a salve (respirar o orvalho da manhã seria uma atitude de como se iluminar, se purificar dos pecados). No último verso, outra afirmação que confirma a hipótese dos Oceânicos, serem os humanos: A Mulher diz que o mar é "O Berço da Imagem de Deus", sendo que a imagem e semelhança de Deus na Bíblia são os homens, porém sem pecados.

Tapio:
Brave now long rest is sweet (A Valente agora repousa docemente)
With me here in the deep (Comigo, aqui nas profundezas
)
O Demônio finalmente toma a Dama de Branco para si.

Tarja:
I prayed for pleasure wished for love (Eu rezei por prazer, desejei amor)
Prayed for your... (Rezei por seu...)

Tapio:
Never pray for me! (Nunca reze por mim!)

A Dama então revela que rezara pelo Demônio, pensando que talvez podia salvá-lo, e a si mesma, por tentar ajudá-lo; mas ele claro, rejeita aquilo furiosamente.

Tarja:
Who the hell are you for me (Quem diabos você é para mim)
But a mortal dream to see? (Além de um sonho mortal que vejo?)

Tapio:
This apathetic life must drown (Esta vida apática deve se afogar)
Forever just for me (Para sempre, só para mim)

Tarja:
Leave me be, leave me be, leave me be! (Me solte, me solte, me solte!)
Nisso, a Mulher acredita que tudo aquilo é um sonho, em vão... A última tentativa de se libertar da Dama é narrada aqui, sem sucesso... Até que o Diabo, após dominá-la, amaldiçoa seu destino no verso seguinte.

Tapio:
From cradle to coffin (Do berço ao caixão)
Shall my wickedness be your passion (Que minha Maldade seja tua paixão
)
O sentido invertido entre Berço e Tumba (aqui substituído por caixão apenas para ter rima) aparece outra vez, agora querendo dizer "por toda a Eternidade"... A narrativa termina, e por fim, Tarja/A Coruja/A Dama de Branco volta trazendo a moral da história: Para que essa profecia não se cumpra, e o Diabo/O Mal que reside nas profundezas, não só do mar, mas também no inconsciente do Homem, não venha a dominar a Terra, roubando a Luz da beleza e da inocência (ilustrada pelo golfinhos no final).

Tarja:
We shall come to set the dolphins free (
Nós devemos ir para libertar os golfinhos)
We shall wash the darkened bloodred sea (
Nós devemos limpar as escuras, ensangüentadas águas)
Our songs will echo over the mountains and seas (
Nossas canções irão ecoar além das montanhas e mares)
The eternity will begin once again in peace (A Eternidade surgirá outra vez em paz)



Comentários do Rouxinol: Uma metáfora sonora gigante, certo? Não há como não apreciar essa mística que o compositor Tuomas insere em cada verso, estrofe, acorde, etc... Realmente uma obra-prima. Pouca conhecida e comentada, até mesmo pelo fãs de Nightwish... mas é isso que dá o sabor mais doce ainda em se descobrir tal objeto brilhante. Trazido pra vocês, é claro, pelo Rouxinol. =]