domingo, 26 de dezembro de 2010

Dica do Rouxinol: Instruction Manual for Life

Rouxinol is back! Queridos amigos, o nosso Ninho Virtual jamais será abandonado! Vosso amigo Cantor do Velho Mundo estava simplesmente se organizando por uns tempos, e preparando muito mais conteúdo pra vocês. Hoje especialmente, celebrando a imensa harmonia que circula entre as pessoas durante as festividades de Natal – que é o que realmente importa, e não um suposto acontecimento datado de 2010 anos – surge no bico do Rouxinol mais um vídeo-reflexão. As diferenças entre os seres humanos, e o subsequente preconceito vindo dessas diferenças, são o tema de hoje. O interessante do vídeo é que a interpretação do que se fala no mesmo é completamente aberta... Logo, a pergunta não é sobre o que o vídeo se trata, e sim... O que você vê?

Com vocês, Instruction Manual for Life:




O Rouxinol deseja a todos – simbolicamente – um Feliz Natal, e um feliz rito de passagem para o ano ocidental de 2011.

domingo, 10 de outubro de 2010

Dica do Rouxinol: Fard (Curta)

É dia de mais um post do Rouxinol. Caros amigos, hoje o passarinho lhes contará, a respeito de mais um Curta-Metragem. Esse, rotulado Fard (traduzido para o português algo como maquiagem), vem da França, e correu por diversos festivais independentes de cinema ao redor do mundo, sempre trazendo reflexão e admiração por onde era assistido. Apesar do prestígio, foi difícil de trazer essa pérola a vocês (Não tinha nem no Youtube). Hoje, hospedado no Vimeo - o Canto do Rouxinol cada vez mais sofisticado – rumo à Dominação Mundial! – e ainda na língua natal, infelizmente. Porém, não é necessário saber francês, pra compreender o que se passa na tela (tenho fé que para todos vocês que acompanham o Canto do Rouxinol, meia palavra bastará). =]



Fard trata de uma questão certeira, e inevitavelmente preocupante: A expansão da tecnologia, e da padronização do nosso estilo de vida, acaba por esconder e nos fazer esquecer o status inicial da nossa sociedade: o status humano.






O Rouxinol parafraseia: Olhos abertos, porque sempre “existe algo atrás do trono, maior que o próprio Rei” – Sir William Pitt.

sábado, 2 de outubro de 2010

Rouxinol apresenta: O Samurai Vingador

Um samurai era encarregado da segurança pessoal do soberano. Um dia alguém foi mais esperto que ele, e o soberano foi assassinado.

Durante muito tempo o samurai perseguiu o assassino. Depois de oito anos, viu-se frente a frente com ele. No momento em que ia matá-lo, o assassino – desesperado – cuspiu em seu rosto.

O samurai colocou a espada na bainha, deu meia-volta e voltou para sua terra.

“A perseguição e o combate faziam parte do meu código de honra”, disse o samurai, quando lhe perguntaram o motivo de seu gesto. “Quando aquele homem cuspiu no meu rosto, passei a odiá-lo. Então, se o matasse, seria por causa do meu ódio, e não pela honra de meu soberano. Um guerreiro jamais é escravo do seu ódio”.

- Do grande Mago Paulo Coelho

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Bicando em Filmes: A Lista de Schindler – Schindler's List (1993)

"This list is an absolut good... this list... is life". – Ithzak Stern

O que você faria se, em um tempo de guerra, de sangue inocente correndo pelas ruas, de atrocidades cometidas das formas mais banais diariamente, de uma purgação ao impróprio e ao incomum... você tivesse em suas mãos o poder para salvar uma vida? Abriria mão de tudo que você conquistou ao longo da vida, seu dinheiro, seu status social, seus amores e família, para salvar aquela única vida? E se fossem... mais de mil vidas em suas mãos?

Essa é a história de Oskar Schindler, na obra-prima cinematográfica A Lista de Schindler (1991), mais do que recomendado pelo Rouxinol. Nesse momento, é provável que exista uma geração inteira que nascera depois do estrondo que esse filme causou em seu ano de lançamento, e que desconhece a grandiosidade, a relevância, e o impacto monumental que A Lista de Schindler traz, em suas 3 horas e 14 minutos de película.




A saga começa em 1939, no começo da 2ª Guerra Mundial. A Polônia, invadida pelas forças alemãs de Hitler, começa a relocação de judeus polacos para as áreas do gueto de Cracóvia, capital do país. Todos os judeus do país são confinados em uma apertada area de 16 quadras. Enquanto isso, chega a cidade um homem de negócios alemão, Schindler (brilhantemente vivido por Liam Neeson), que decide utilizar a grande massa judia desempregada como mão-de-obra em sua fábrica, para lucrar na guerra. Ele recruta um contador judeu, Ithzak Stern (Sir Ben Kingsley, numa atuação emocionante), e ganha aliados, e um status no Partido Nazista.

Algum tempo depois, com o avanço da Guerra, os soldados alemães, sob o comando do Capitão da SS Amon Göth (Ralph Fiennes, outro monstro do cinema), começam uma Operação Limpeza em Cracóvia, exterminando todos que não cooperassem a serem mandados para o campo de concentração de Plaszow. Após isso, Schindler vai atrás de seus trabalhadores, e consegue firmar a empresa outra vez, o que salva muitas vidas, já que os corpos se empilham diariamente conforme a vontades dos sadistas oficiais alemães.

Porém, logo os judeus são mandados para o campo de extermínio de Auschwitz, e cabe apenas a Schindler salvar a todos seus trabalhadores mais uma vez, nem que tenha que arriscar toda sua fortuna adquirida, e até sua vida.




Cenas que chocam a audiência se repetem com uma incredulidade, e muitas vezes, é difícil acreditar que o que se passa na tela (que é ficção) aconteceu de verdade, e ceifou milhões de vidas. A levianidade com que pessoas são mortas pelas forças alemães, emociona e ao mesmo tempo, traz uma péssima sensação de voyeurismo, e culpa pelas atrcidades humanas, cometidas pelos pais de nossos pais. O mais sádico, e portanto o mais desesperador do filme, é a fina esperança do povo judeu, que acha que vão voltar pra casa quando pegam os trens rumo a Plaszow, e o filme mostra seus pertences sendo roubados, penhorados e destruídos; que pensam que a vda no gueto não pode piorar, quando surge a chacina de todos os que não são efetivos para a guerra – uma guerra contra eles mesmos, por sinal. A força para não desabar em lágrimas em frente aos filhos, toca. E no lugar, desaba a audiência.

Somado a tudo isso, vem o personagem principal do longa: Schindler, um anti-herói para o povo judeu - Nazista, rico, aliado aos militares alemães... - que justamente, é a pequena Luz em um mundo tomado por Trevas, por qual todos anseavam. Ele era um homem, e um homem apenas. Mas, mesmo sendo um, ele jogou tudo o que conquistara ao longo da vida fora, em prol do bem maior. Citando seu epitáfio (e o Talmud – um dos textos centrais do judaísmo): "Quem salva uma vida, salva um mundo inteiro". E quem salva 1200 vidas, como Schindler?

Ao se aproximar o final do espetáculo, a Guerra e a perseguição aos Judeus, cessam. E pra coroar a montanha-russa de emoções perturbadoras, vem a cena onde Schindler, como membro do Partido, tem que fugir para salvar sua pele do Exército Russo. Os diálogos, os olhares, e expressões de todos os trabalhadores em relação ao Herr Schindler, acabam com qualquer certeza sobre o certo e o errado, conceitos tão usados e justificados na nossa sociedade. Ilustrando o gran finale, vêm a máxima: "Numa Guerra, não há vencedor e perdedor. Ambos são perdedores."

Segue um trailer, para já se começar a engolir em seco, e se preparar para uma verdadeira viagem:





Um Marco Cinematográfico, um dos melhores filmes de todos os tempos – Um pequeno objeto brilhante, mais do que digno de perambular por aqui, no Canto do Rouxinol =]

P.s. do Rouxinol: Em breve, uma análise mais aprofundada sobre a Garotinha do Casaco Vermelho, presente no filme A Lista de Schindler. Curiosos? Voem atrás para assistí-lo!




sábado, 11 de setembro de 2010

Bicando em Livros: Isaac Asimov - O Fim da Eternidade (1955)

Voltando ao garimpo das vasta coleção de pedrinhas preciosas talhadas pelo grande Isaac Asimov, eis que o Rouxinol vem hoje com um livro, chamado O Fim da Eternidade. Um dos poucos (senão o único) livros de Asimov que tratam de outro campo amplamente explorado na Ficção Científica, porém poucas vezes descritos com real qualidade – Viagens no Tempo.

O furor sobre seres humanos se deslocando pela Linha do Tempo, enfrentando paradoxos temporais e mudando seus passados e futuros nasceu da mente de H.G. Wells, no livro "A Máquina do Tempo" em 1895, há mais de 100 anos atrás. Desde então, muitos se aventuram nessa corrente, contando histórias sobre futuros longínquos, e mais simbolicamente, a confrontação de destino (definido pelas Leis do Universo), com o livre-arbítrio da ação humana: Pode alguém voltar ao passado, e alterar a história ao ponto de que essa mesma pessoa não venha a nascer? Se não, quem ou que o impediria? E se sim, se aquela pessoa não vier a existir, quem que fez a mudança temporal pra início de conversa?


O "exemplo máximo da modalidade" das teorias de Viagens no Tempo, como o próprio Asimov descreve, é o romance "Fim da Eternidade". Aqui, a Eternidade é uma organização de humanos, denominados Eternos, que encara o Tempo como um prédio, os Séculos sendo os infintos andares (para cima e para baixo), e cada andar se dedica a estudar, analisar, e se necessário, alterar o curso daquela história, visando o "Bem Maior" da humanidade.

Nesse contexto, somos apresentados a Andrew Harlan, um Eterno que tem a profissão de Técnico (o executor das Mudanças de Realidade). Ele é do Século 95, e assim como todos os Eternos, sua existência foi apagada de seu Tempo normal, e ele não pode constituir família – a não ser em circunstâncias muito especais - , nem nada que o prenda emocionalmente ao Tempo. Harlan, diferente de muitos, parece ter um interesse na história primitiva do homem, aquela de antes da Eternidade surgir – o que se deu no Século 24, quando foi inventado o Campo Temporal.  E graças a isso, Harlan é designado para ensinar História Primitiva a um Aprendiz especial, chamado Cooper.

Até que certo dia, Harlan viaja para fazer uma Mudança de Realidade, e conhece uma Tempista (moradora da Linha do Tempo, um ser humano normal) chamada Noys Lambent. Harlan se apaixona por ela, mas acaba por descobrir que na próxima Mudança de Realidade, Noys terá sua existência apagada definitivamente. Assim, Harlan terá que usar de todos os seus recursos para impedir que seu amor seja apagada da Realidade. Nem que para isso, tenha que destruir toda a Eternidade. Com essa premissa, o final se encaminha dramaticamente, ligando todos os personagens a seus destinos de forma surpreendente.

Com essa sinopse mirabolante, o livro se sobressai e muito dos outros livros de viagem no tempo, por toda a lógica e a construção desse outro Universo, proporcionado pela mente genial de Isaac Asimov. Os personagens têm seus próprios termos e linguagens, e expressões como Tempista, Tempo-abaixo, Fisiotempo, e Séculos Ocultos são a marca da história, presentes em todo lugar. Porém, são de fácil entendimento, e envolvem o leitor na história especialmente por isso, aquela espécie de linguagem em código, que não faz sentido nenhum para nós, mas para os personagens daquele Universo.

Toda a concepção dos paradoxos temporais, e o confronto destino x livre-arbítrio, já mencionados antes, surgem como grandes indagações: Será que Harlan conseguirá destruir a Eternidade? Ou será que todas as ações dele, mesmo nesse sentido, contribuem apenas para "o que já estava escrito", o fim da existência de Noys? Poderá Harlan (e em conceito maior, toda a humanidade, de todos os séculos), tomar conta de seu destino, e escapar das garras dos Eternos?

Livro fascinante para se ler, degustar e quebrar a cabeça pensando a respeito das implicações do mesmo. Relembrando que a obra foi escrita há 65 anos atrás – só vindo mesmo da cabeça do célebre Isaac Asimov.

O Rouxinol finaliza por hoje, transpirando: Acaso e Destino. Albert Eistein dizia "Deus não joga dados com o Universo", enquanto Stephen Hawking contrabalanceava com "Não só Deus joga dados, como também os joga em lugares onde não podemos ver". Pessoalmente... os dois estão estão certos. O Rouxinol crê que destino e acaso são duas faces da mesma moeda. Mas claro que o único acaso que importa é esse: no que VOCÊ acredita?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Rouxinol apresenta: O Ankh

Salve, caros amigos. O Rouxinol retorna ao Canto hoje trazendo algo muito interessante. No seu eterno garimpo por objetos brilhantes, a Ave que vos fala deu de bico esses dias com um símbolo ancestral, chamado Ankh. E pelo que saiba o Rouxinol, a história desse símbolo só não é maior do que as várias interpretações, que a humanidade empregou ao longo das Eras. É claro que vocês sabem do que estou falando:


O Ankh, também conhecido como Cruz egípcia, ou Cruz Ansata no Ocidente (Ansata vem do latim, e quer dizer Asa), é um símbolo recorrente em todas as gravuras e hieróglifos do Egito Antigo. É dito pelos especialistas que ele surgira na Quinta Dinastia, período de tempo que ocorrera de 2949 a 2345 A.C. E o principal significado atribuído ao Ankh se liga fundamentalmente aos conceitos de vida e morte, ou melhor, de Vida Eterna.

Vida após a morte, e ressurreição, eram conceitos amplamente difundidos na cultura egípcia, e freqüentemente retratados nas paredes de tumbas e pirâmides. Os Deuses sempre apareciam carregando um ou dois Ankh, deixando clara sua imortalidade, e repassando-os aos Faraós que ali estavam sepultados. Como se o Ankh fosse como uma chave que abrisse a porta da Outra Vida. Assim, muitas pessoas carregavam esse amuleto por todas suas vidas, para que também ressuscitassem. Curiosamente, a palavra Ankh (ou Anx) também quer dizer espelho, e muitos Ankh antigos eram feitos com uma face espelhada, para que as pessoas pudessem contemplar seu Pós-Vida, como uma outra face de sua realidade.

O próprio formato do Ankh já traz um maior entendimento do seu significado. Por exemplo, para que ocorra a ressurreição, é necessária a concepção da nova vida. O que é representado na União da parte Masculina (as três pontas do Ankh, trazendo a idéia do pênis) e a Feminina (o arco oval, trazendo a ideia do ventre). O masculino seria Osíris, Senhor dos Mortos, e marido de Ísis, Deusa da Fertilidade e Maternidade, a parte Feminina do Ankh. Ísis teve seu filho Hórus no delta do Rio Nilo, portanto há outra interpretação do Ankh que se complementa a essa, como vida e morte sendo representados pelo curso do Rio (o círculo oval) que é imutável, e perpétuo. Assim como o Ciclo da Vida. Hoje em dia, a estrutura do Ankh foi um pouco alterada, e serve mais como um símbolo feminino (você já deve ter o visto ser usado nesse propósito)... Mas todo esse entendimento ainda se faz presente.

Mitologia Egípcia é um assunto que arrepia as penas do Rouxinol, e em breve estarei me aprofundando muito no assunto, para compartilhar com vocês mais algumas dessas pérolas. Mas é claro, que todos já sabiam do Ankh e seus significados mais aprofundados. O simbolismo é evidente, e está sempre na cara das pessoas, o tempo todo. Toda a sociedade hoje, apesar de se achar tão avançada culturalmente, ainda é regida pelas mesmas regras da Antiguidade. Basta ver, observar, e não apenas olhar, para descobrir que "ainda somos os mesmos, e vivemos como nossos... ANCESTRAIS".

Farewell, pessoas. Até a próxima análise rouxinólica! ;-)

sábado, 21 de agosto de 2010

Dica do Rouxinol: “Nearer My God to Thee” (1841)

O Rouxinol está de volta. Assim como válvula de escape para os anseios da alma de muitos, a música está presente e inerente em todo aspecto da sociedade, e percorre toda a vida do ser humano. Uma das vertentes da Música (maiúscula) que reflete ao Sol com um brilho intenso para o Rouxinol é claro, é a Música Clássica. Eis que trago a vocês, também escapistas da Gaiola Virtual, um dos cânticos (hinos) mais belos e antigos da Igreja Católica – uma instituição sem dúvida com uma história maravilhosa – chamado “Nearer, My God, to Thee” (trazida para o português como Mais Perto de Ti), escrito em Sarah Flower Adams. Que é baseada levemente no Sonho de Jacó, em Gênesis 28:11-12, na Bíblia. Sim, é aquela história que vocês devem se lembrar, da Escada que desce dos Céus...

Além dessa fonte, mais tarde a música ficou amplamente conhecida no filme sobre o Naufrágio do RMS Titanic, em 1912. O que de verdade, aconteceu – os músicos tocaram esse e outros cânticos religiosos, até a chegada de seus trágicos destinos no fundo do Oceano. Quem viu o filme com certeza vai se lembrar – e naturalmente, se emocionar.


NEARER, MY GOD, TO THEE




Aviso: As atualizações do Canto do Rouxinol deixaram de ser periódicas por um tempo. Não se preocupem, ainda há muitos objetos brilhantes perdidos pela Gaiola Virtual, e seu buscador oficial, o Rouxinol, fará questão de encontrá-las, e lhes dar uma luz, sobre qual é seu verdadeiro brilho. Por ora, é só, até a próxima!

sábado, 31 de julho de 2010

Bicando em Música: Nightwish – Gethsemane

A busca pelo entendimento das músicas do CD Oceanborn, da banda Nightwish, continua. Hoje o Rouxinol traz a obra-prima “Gethsemane”, uma das melhores músicas já compostas por Tuomas Holopainen, na opinião de seus próprios fãs. Ela trás outro tema, que, observando o álbum como um todo, acaba por se distanciar um pouco da idéia original. Mas é uma faixa, que não poderia deixar de estar presente no CD, pois nela se retrata a maior história de todos os tempos já contada: a história de Jesus Cristo. E traz um de seus momentos mais tocáveis, onde o Messias demonstra toda sua essência humana: a Agonia no Jardim Getsêmani, onde Jesus descobre que deve se sacrificar pela humanidade. Para Nightwish, em seu momento de sofrimento, Jesus foi tal como um poeta: Um mártir, que na razão de sua própria dor, traz uma luz a um mundo escurecido.



NIGHTWISH – GETHSEMANE




Toll no bell for me Father (Não toque o sino por mim, pai) But let this cup of suffering pass from me (Mas deixe este meu sofrimento passar) Send me no shepherd to heal my world (Não envie nenhum pastor para curar meu mundo)
But the Angel - the dream foretold (Apenas o Anjo - o sonho profetizado) Prayed more than thrice for You to see (Rezei mais que três vezes para que você visse)
The wolf of loneliness in me (o Lobo da Solidão em mim)
...not my own will but Yours be done... (... não a minha própria, mas que a sua vontade seja feita...)

Tocar o Sino” possui vários sentidos, porém o mais geral que se pode tirar do 1º verso, é uma tradição antiga da Europa, que o tocar de um sino anuncia a chegada da morte de alguém. “Deixe esse sofrimento passar” parafraseia a própria passagem do Jardim da Agonia, na Bíblia, além dos versos “rezei mais de três vezes” e “não a minha própria, mas que a sua vontade seja feita”. Além disso, tal ”Lobo da Solidão” traz uma imagem ainda mais humana a Jesus, como um herói caído, que possui também falhas, como qualquer homem.

Refrão:
You wake up where is the tomb (Você acorda onde há uma tumba)
Will Easter come? Enter my room? (
A Páscoa virá? Entrará em meu quarto? )
The Lord weeps with me (O
Senhor lamenta por mim )
But my tears fall for you (
Mas minhas lágrimas caem por vocês )

Os dois primeiros versos discorrem sobre a visão que Jesus tem de seu futuro, em sua conversa com seu Pai. Ele se pergunta se realmente vai ocorrer sua ressurreição “Will Easter come? Enter my room?”. Dúvidas que afloram mais ainda a sua não-onisciência dos fatos... No final, uma conclusão tomada pelo seu sacrifício. O Senhor está chorando pela morte próxima de seu filho. Porém Jesus não se lamenta por isso. E sim por toda a humanidade, ignorante, que pretende crucificar seu próprio Salvador.

Another Beauty (Outra beleza)
Loved by a Beast (Amada por uma Fera)
Another tale of infinite dreams (Outro conto de sonhos infinitos)

Your eyes they were my paradise (Seus olhos que eram meu Paraíso) Your smile made my sun rise (Seu sorriso fez meu sol nascer)

A Bela e a Fera” é um conceito abordado inúmeras vezes na discografia do Nightwish, inclusive com duas faixas diretamente ligadas a tal, pelo nome. Naturalmente, não é uma referência ao clássico Disney ( que é inspirado em um conto francês do Séc. XVIII ), mas sim a pura idéia de algo, belo, gracioso, e porque não, perfeito (Humanidade), sentir empatia por algo mais visceral, bruto, e impuro (Jesus), já que ele mesmo se considera menor, tal sua humildade, e crença na maravilha humana. Aqui Jesus, incorporando um poeta (ou seria o contrário?) professa todo seu amor pela humanidade, e como a “beleza da fera” o encanta.

Forgive me for I don't know what I gain (Perdoe-me por não saber o que eu ganho)
Alone in this garden of pain (Sozinha neste jardim de dor.)

Enchantment has but one truth: (O encantamento tem apenas uma verdade:) I weep to have what I fear to lose (Eu lamento em ter o que eu temo perder)

Aqui, O Messias divaga, se perguntando, e a Deus, se realmente fará diferença seu sacrifício... e depois ele finalmente toma uma conclusão, em relação a seus sentimentos por sua vida humana: Ele lamenta estar vivo, e ter tido todas aquelas experiências na Terra, se fatalmente, seu destino é a morte “Eu lamento em ter o que eu temo perder”.

"I knew you never before (Eu nunca os conheci antes)
I see you never more (E nunca mais os verei)
But the love the pain the hope O beautiful one (Mas o amor, a dor, a esperança, ó Belo)
Have made you mine 'till all my years are done" (Fiz-vos meus “até que todos meus anos tenham-se acabado”
)

A penúltima parte surge meio como uma despedida, e as aspas trazem como se fosse uma citação ao que foi dito por Cristo. “O beautiful one”, em tradução para português perde-se o sentido, mas é perceptível que é como Jesus aclama a toda a raça humana, em uma unidade. Mesmo essa mesma raça humana sendo a que vai se preparar para sua execução 12 horas depois, ele ainda sente “o amor, a dor, e a esperança” para com ela.

Without you (Sem você)
The poetry within me is dead (O meu Poeta interior está morto)

O ultimo verso, simples e profundamente denso, traz a luz de todo o Amor existente. Não um amor, mas o Amor. Aquele que define e separa o humano do divino.


Comentários do Rouxinol: Sem dúvida, uma música espiritualmente profunda, que exalta toda a Cruzada de Jesus Cristo pela Terra, buscando a salvação da humanidade. O Rouxinol já ouviu muitos homens nos dias de hoje, porém, negarem tal sentimento de Ode ao Senhor, em busca de uma libertação ateísta. Talvez tenha sido real essa história; talvez não; tanto tempo já se passou daqueles dias para hoje, que a questão perde a relevância.

O ponto a se levar em conta, é que, não importa sua religião. O que importa é sua inspiração em fazer o Bem. E, de tantas histórias que o Rouxinol aqui já carregou pelo bico, difícil encontrar uma tão mais inspiradora do que essa. Quem sabe, superando todas as diferenças, o Homem não consiga se igualar, e finalmente obter esse Amor, citado na analise. Não só pelo próximo. Mas pelo Tudo.

Como disse Robert Langdon: “Porque há tanta preocupação sobre mortal ou divino. Talvez o ser humano seja divino”.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Bicando em Livros: Franz Kafka – Diante da Lei (1925)

Bem amigos, hoje o Rouxinol surge ao Ninho com mais um Gênio, mais um ourive de objetos brilhantes, como esse que seguirá. O autor é Franz Kafka (1883-1924), e o conto, ou melhor, parábola, é Diante da Lei.

O Austro-húngaro Franz Kafka foi um escritor cultuadíssimo em seu tempo. Usava-se de variados temas em sua literatura, que são recheadas de noções existencialistas, modernistas, e até metafísicas. Outro ponto bem focado por Kafka em suas histórias, entre elas O Processo - de onde essa parábola é extraída – era uma satirização das instituições do governo em geral, suas leis, e o excesso de burocracia que atrasa e cria desigualdades na sociedade. Leitura bem interessante, o conto Diante da Lei retrata a busca de um homem para ter acesso a Lei. Não há informações de época, ou nomes. É tudo bem metafórico, e ao mesmo tempo, a narrativa transcorre rapidamente, caminhando para um final, que deixa qualquer um abismado ao ler. Tudo isso em apenas duas páginas.
DIANTE DA LEI

Diante da Lei há um guardião. Um camponês apresenta-se diante deste guarda, e solicita que lhe permita entrar na lei. Mas o guarda responde que por enquanto não pode deixá-lo entrar. O homem reflete, e pergunta se mais tarde o deixarão entrar.

− E possível − disse o porteiro −, mas não agora.

A porta que dá para a Lei está aberta, como de costume; quando o guarda se põe de lado, o homem inclina-se para espiar. O guardião vê isso, ri-se e lhe diz:

− Se isso tanto lhe atrai, experimente entrar, apesar da minha proibição. Mas repare só: sou forte. E mesmo que eu seja o último dos guardiões. De sala para sala, guardas cada vez mais fortes estão de prontidão, de tal maneira que não consigo sequer agüentar o olhar do terceiro depois de mim.

O camponês não havia previsto estas dificuldades; a Lei deveria ser sempre acessível para todos, pensou ele; mas ao observar o guardião, com seu abrigo de peles, seu nariz grande e como de águia, sua barba longa de tártaro, rala e negra, resolve que mais lhe convém esperar até ter licença para entrar. O guardião dá-lhe um banquinho e permite-lhe sentar-se ao lado da porta. Ali espera dias e anos. Tenta infinitas vezes entrar e cansa o guarda com suas súplicas. Com freqüência o guardião mantém com ele breves palestras, faz-lhe perguntas sobre seu país, e sobre muitas outras coisas; mas são perguntas indiferentes, como as dos grandes senhores; e para terminar, sempre lhe repete que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se abasteceu de muitas coisas para a viagem, sacrifica tudo, por mais valioso que seja, para subornar ao guardião. Este aceita tudo, com efeito, mas lhe diz:

− Só aceito para que você se convença de que não deixou de fazer alguma coisa.

Durante esses longos anos, o homem observa quase continuamente ao guardião: esquece-se dos outros, e parece-lhe que este é o único obstáculo que o separa da Lei. Maldiz sua má sorte, durante os primeiros anos temerariamente e em voz alta; mais tarde, à medida que envelhece, apenas murmura para si. Torna-se infantil, e como em sua longa contemplação do guarda, chegou a conhecer até as pulgas de seu abrigo de pele, também suplica a estas que o ajudem a convencer ao guarda. Finalmente, sua vista enfraquece-se, e já não sabe se realmente há menos luz, ou se apenas o enganam seus olhos. Mas em meio da obscuridade distingue um resplendor, que surge inextinguível da porta da Lei. Já lhe resta pouco tempo de vida. Antes de morrer, todas as experiências desses longos anos se confundem em sua mente em uma só pergunta, que até agora não formulou. Faz sinais ao guardião para que aproxime, já que o rigor da morte endurece o seu corpo. O guardião vê-se obrigado a baixar-se muito para falar com ele, porque a disparidade de estruturas entre ambos aumentou bastante com o tempo, para detrimento do camponês.

− Que queres saber agora? − pergunta o guarda −. Você é mesmo insaciável.

− Se todos aspiram à Lei − diz o homem −; como é possível então que durante tantos anos, ninguém mais, a não ser eu, pediu para entrar?

O guardião compreende que o homem está para morrer, e para que seus desfalecentes sentidos percebam suas palavras, grita-lhe junto ao ouvido com voz atroadora:

− Aqui ninguém mais, senão você podia entrar, porque só para você era feita esta porta. Agora, vou-me embora e poderei fechá-la.

O Rouxinol alça vôo e se despede por hoje, parafraseando: “Não é demonstração de saúde ser bem ajustado, a uma sociedade profundamente doente” – Jiddu Krishnamurti

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Bicando em Música: Nightwish – Stargazers

Nightwish, banda finlandesa de metal sinfônico. Uma das bandas mais populares do mundo, não é de se estranhar que caísse ao gosto do Rouxinol. Suas músicas com temáticas melancólicas, góticas, soturnas, e ainda por cima bombásticas, como os melhores overtures das trilhas sonoras cinemáticas (outro apreço do Rouxinol, em breve também estará dando as caras por aqui), dão o clima perfeito para toda a magia existente no mundo. Orquestrada pelo Grande Poeta Tuomas Holopainen, um homem que realmente não vive no seu tempo, o Nightwish segue firme e forte desde 1996, com 6 álbuns de estúdio, 4 albúns ao vivo, e milhões de seguidores pelo mundo afora.

O que impressiona ao Rouxinol tanto a respeito da banda, não é apenas a música: são todos os conceitos históricos, filosóficos e místicos que são incorporados dentro de suas letras, carregados de poesia lírica. A banda preza tanto isso, que possui sua própria mitologia. Dentre os muitos CDs e faixas, o CD Oceanborn, de 1998, se destaca para o Rouxinol, como um objeto de um brilho místico, e super cotado para análise. Assim, segue um vídeo do Youtube com a primeira faixa desse CD, a letra em inglês, tradução, e a Interpretação Rouxinólica costumeira. Abram suas mentes. Conheçam Stargazers (Os Observadores de Estrelas):





NIGHTWISH - STARGAZERS








A grand Oasis in the vastness of gloom (Um grande oásis na vastidão da escuridão)
Child of dew-spangled cobweb, (Criança de uma teia de orvalho cintilante)
Mother to the moon, (Mãe para a Lua)
Constellations beholders of the 3rd vagrant, (Constelações comtemplando a Terceira Nômade)
Theater for the play of life.
(Teatro para a Peça da Vida)

Na primeira frase, a referência a um “grande oásis” é a Terra, que assim como um oásis, é um abrigo seguro, um santuário, que protege contra o deserto, que no caso, seria o próprio cosmos, ou a “vastidão de escuridão”.

A entidade que se retrata como Criança de uma “teia de orvalho cintilante” (o mapa estelar que nos envolve), e ao mesmo tempo, Mãe da Lua, é o próprio Planeta Terra. É sobre ele basicamente que a música se desenvolve.

As Constelações que circundam o planeta, chamado aqui de Terceiro Nômade (terceiro planeta contando do Sol, a Terra), o observam, e assim, se fazem como platéia para o “Teatro da Vida”.

Refrão:
Tragedienne of heavens, (Atriz trágica dos céus)
Watching the eyes of the night.
(Observando os olhos da noite)
Sailing the virgin oceans, (Navegando pelos virgens oceanos)
A planetride for the Mother and Child (Uma Viagem Planetária para Mãe e Criança)

Uma Tragedienne (termo existente só em inglês) é uma atriz que só interpreta tragédias, e é também representada pela Terra, em sua viagem pelos céus, observando e sendo observadas pelos “olhos da noite”, as estrelas. Os “oceanos virgens”, inexplorados, são o próprio espaço novamente. E “planetride” (essa foi difícil =D) é na verdade, uma junção das palavras planet ride, ou uma viagem planetária para a Mãe e Criança ao mesmo tempo, a Terra.

Floating upon the quiet hydrogen lakes, (Flutuando acima dos calmos lagos de Hidrogênio)
In this ambrosial merry-go-round they will gaze.
(Neste carrossel ambrosial eles comtemplarão)
Ephemereal life touched by a billion-year show (Vida efêmera, tocada por um show de bilhões de anos)
Separating the poet from the woe (Separando o Poeta da angústia)

Lagos de hidrogênio (o elemento primordial do Universo). O “carrossel ambrosial” dá a idéia de um ciclo infinito, e ambrosia, puxando da Mitologia Grega, é o manjar divino dos Deuses, o que alimenta a idéia mística da jornada. O terceiro e quarto versos retratam a vida do Poeta (que pode ser interpretado como o próprio Tuomas) que observa as estrelas: Um poeta geralmente encara uma vida breve, por encarar o mundo com melancolia, o que se contrasta com o “show de bilhões de anos” que a idade terrestre. A vida efêmera separa o poeta da angústia de viver por muito tempo, sofrendo incompreendido.

Oracle of the Delphian Domine (Oráculo do Senhor Délfico)
Witness of Adam's frailty (Testumunha da frqueza de Adão)
Seer of the master prophecy (Vidente da profecia-mestre)
The stellar world her betrothed (O mundo estelar ela desposou)
Wanderers in cosmic caravan (Viajantes da caravana cósmica)
Universal bond - The Starborn (Laço universal – Os Nascidos das Estrelas)

“Domine” vem do latim, e quer dizer Senhor. O Senhor Délfico, da Ilha de Delfos, é Apollo, o Deus-Sol. Logo, o Oráculo citado é Pítia, a principal vidente da Idade Clássica, serva de Apollo. Só que, ao afirmar que ela fora testemunha da “fragilidade de Adão” (o primeiro homem da Bíblia), e que desposara o “mundo estelar”, compara-se a Oráculo Pítia a própria Terra, também serva de Apollo (Sol), e vidente da “profecia-mestre”, ou seja, todo o caminho da humanidade. Juntos, a Terra, as estrelas e o Homem estão viajando pela “caravana cósmica”, e unidos por um “laço universal”... Esse trecho foi praticamente impossível de se abstrair um significado.

A son in the search for the truth (Um filho em busca da verdade)
Following the pages of Almagest (Seguindo as páginas do Almagesto)
Discovering the origin of dreams (Descobrindo a origem dos sonhos)
Stargazers ride through the ancient realms (Observadores estelares navegam através dos Reinos Antigos)

No ultimo verso, surge “um filho em busca da verdade”, que pode ser o Poeta Observador de Estrelas, usando o Almagesto (um tratado sobre matemática e astronomia escrito no Século II, por Ptolomeu) como guia estelar. Assim, viajando pela galáxia, ele descobre “a origem dos sonhos”, num contexto místico fora do alcance. Sua viagem chega aos domínios antigos... Onde a vida, o Universo, e a Magia, começaram.

Percebem agora o nível de mitologia envolvido em cada faixa?

Em breve, muito mais análises desses raros objetos brilhantes, que nem sempre são encontrados na Gaiola Virtual... Às vezes, eles eclodem, da mente do próprio Rouxinol.