sábado, 11 de setembro de 2010

Bicando em Livros: Isaac Asimov - O Fim da Eternidade (1955)

Voltando ao garimpo das vasta coleção de pedrinhas preciosas talhadas pelo grande Isaac Asimov, eis que o Rouxinol vem hoje com um livro, chamado O Fim da Eternidade. Um dos poucos (senão o único) livros de Asimov que tratam de outro campo amplamente explorado na Ficção Científica, porém poucas vezes descritos com real qualidade – Viagens no Tempo.

O furor sobre seres humanos se deslocando pela Linha do Tempo, enfrentando paradoxos temporais e mudando seus passados e futuros nasceu da mente de H.G. Wells, no livro "A Máquina do Tempo" em 1895, há mais de 100 anos atrás. Desde então, muitos se aventuram nessa corrente, contando histórias sobre futuros longínquos, e mais simbolicamente, a confrontação de destino (definido pelas Leis do Universo), com o livre-arbítrio da ação humana: Pode alguém voltar ao passado, e alterar a história ao ponto de que essa mesma pessoa não venha a nascer? Se não, quem ou que o impediria? E se sim, se aquela pessoa não vier a existir, quem que fez a mudança temporal pra início de conversa?


O "exemplo máximo da modalidade" das teorias de Viagens no Tempo, como o próprio Asimov descreve, é o romance "Fim da Eternidade". Aqui, a Eternidade é uma organização de humanos, denominados Eternos, que encara o Tempo como um prédio, os Séculos sendo os infintos andares (para cima e para baixo), e cada andar se dedica a estudar, analisar, e se necessário, alterar o curso daquela história, visando o "Bem Maior" da humanidade.

Nesse contexto, somos apresentados a Andrew Harlan, um Eterno que tem a profissão de Técnico (o executor das Mudanças de Realidade). Ele é do Século 95, e assim como todos os Eternos, sua existência foi apagada de seu Tempo normal, e ele não pode constituir família – a não ser em circunstâncias muito especais - , nem nada que o prenda emocionalmente ao Tempo. Harlan, diferente de muitos, parece ter um interesse na história primitiva do homem, aquela de antes da Eternidade surgir – o que se deu no Século 24, quando foi inventado o Campo Temporal.  E graças a isso, Harlan é designado para ensinar História Primitiva a um Aprendiz especial, chamado Cooper.

Até que certo dia, Harlan viaja para fazer uma Mudança de Realidade, e conhece uma Tempista (moradora da Linha do Tempo, um ser humano normal) chamada Noys Lambent. Harlan se apaixona por ela, mas acaba por descobrir que na próxima Mudança de Realidade, Noys terá sua existência apagada definitivamente. Assim, Harlan terá que usar de todos os seus recursos para impedir que seu amor seja apagada da Realidade. Nem que para isso, tenha que destruir toda a Eternidade. Com essa premissa, o final se encaminha dramaticamente, ligando todos os personagens a seus destinos de forma surpreendente.

Com essa sinopse mirabolante, o livro se sobressai e muito dos outros livros de viagem no tempo, por toda a lógica e a construção desse outro Universo, proporcionado pela mente genial de Isaac Asimov. Os personagens têm seus próprios termos e linguagens, e expressões como Tempista, Tempo-abaixo, Fisiotempo, e Séculos Ocultos são a marca da história, presentes em todo lugar. Porém, são de fácil entendimento, e envolvem o leitor na história especialmente por isso, aquela espécie de linguagem em código, que não faz sentido nenhum para nós, mas para os personagens daquele Universo.

Toda a concepção dos paradoxos temporais, e o confronto destino x livre-arbítrio, já mencionados antes, surgem como grandes indagações: Será que Harlan conseguirá destruir a Eternidade? Ou será que todas as ações dele, mesmo nesse sentido, contribuem apenas para "o que já estava escrito", o fim da existência de Noys? Poderá Harlan (e em conceito maior, toda a humanidade, de todos os séculos), tomar conta de seu destino, e escapar das garras dos Eternos?

Livro fascinante para se ler, degustar e quebrar a cabeça pensando a respeito das implicações do mesmo. Relembrando que a obra foi escrita há 65 anos atrás – só vindo mesmo da cabeça do célebre Isaac Asimov.

O Rouxinol finaliza por hoje, transpirando: Acaso e Destino. Albert Eistein dizia "Deus não joga dados com o Universo", enquanto Stephen Hawking contrabalanceava com "Não só Deus joga dados, como também os joga em lugares onde não podemos ver". Pessoalmente... os dois estão estão certos. O Rouxinol crê que destino e acaso são duas faces da mesma moeda. Mas claro que o único acaso que importa é esse: no que VOCÊ acredita?

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